NA MADEIRA MAMORÉ
Rui de Carvalho
Eu já andei nesse trole
Nos trilhos do Guaporé
Onde hoje agoniza
A Madeira Mamoré
Na beira do Rio Madeira
Você pode ter certeza
O trem passava rasteiro
Feito a própria correnteza
Loucos guerreiros vencidos
Por moléstias indesejáveis
Foi à força da natureza
Que se tornou implacável
Olha lá o Curupira
Com ele não tem beribéri
Só sarampo e só malária
Nem quinino baixa a febre
A ferrovia do diabo
Desafiou cachoeiras
São Antônio eTeotônio
Desprezando a sua grandeza
Cada dormente, uma vida
Numa Babel infernal
Troço mal planejado
Em nome do capital
Eu disse que andei de trole
Mergulhei em igarapés
Nos trilhos onde passava
A Madeira Mamoré