Tempos de agonia


 TEMPOS DE AGONIA

Rui de Carvalho


Que mundo é esse?
Tempo do absurdo
De tanto coisa imoral
Agonizante de tudo
Da inclusão social

Que mundo é esse?
Da história interrompida
Da violência incomum
Nos lares, esquinas e ruas
Na vida de qualquer um

Que mundo é esse?
Que em questão de segundos
Somos executados
Estuprados, avacalhados
E somos alienados

Que mundo é esse?
Dos ricos dos paparazes
Dos índios incendiados
Dos gritos desesperados
Da fome e dos alagados

Que mundo é esse?
Da guerra e intolerância
Da soberba e da ganância
Da luxúria e da avareza
Da política da safadeza

Que mundo é esse?
Das armas e das fronteiras
Das escutas e quebradeiras
Crimes sem fim nem cadeia
Vida sem eira e nem beira

Que mundo é esse?
Do poder e da insensatez
Do jagunço a mando do rei
Da tocai e da covardia
Justiça cega de vez

Que mundo é esse?
Da tecnologia de ponta
Da ciência que foca a ganância
Que traz benefícios pra poucos
Num povo de faz-de-conta

Que mundo é esse?
Gigante esfarrapado
Das floretas e rios dizimados
Dos esgotos licenciados
Dos gritos dos esfomeados

Que mundo é esse?
Da criança prostituída
Da religião enlouquecida
Do passional e suicida
Fonte e meio de vida

Que mundo é esse?
Dos pib’s e da cotação
Dos índices da inflação
Do luxo e dos lixões
Dos miseráveis aos milhões

Que mundo é esse?
Do dinheiro desviado
Por imorais depravados
De um povo desesperado
Tudo por metro quadrado

Que mundo é esse?
De sanguessugas e vampiros
Banqueiros e vigaristas
Dos trapaceiros e lobistas 
Tudo a perder de vista